Segundo Freud, a psicanálise é comparável a entalhar uma escultura. O escultor precisa retirar lascas da pedra ou do gesso para criar sua obra. Seu ofício, assim, funciona “pela via de retirar ou subtrair” e não, tal como o pintor, “pela via de colocar”.
O psicanalista não é mudo, ele fala – e pode falar muito, se necessário – mas suas intervenções não enfatizam a colocação de explicações ou sugestões na vida do paciente, mas, sim, a retirada ou exposição (a “vida de retirar”) daquilo que faz sofrer: o “corpo estranho” que a psicanálise localiza nos conteúdos inconscientes. Esse é o único método a possibilitar, realmente, a cicatrização de feridas psíquicas.
O psicanalista não deseja converter ninguém a sua forma pessoal de pensar, de agir ou de compreender o mundo. Seu único objetivo é possibilitar a criação de um espaço no qual, com o auxílio de sua escuta especializada, o paciente venha a perceber mais a respeito das motivações inconscientes que alimentam suas feridas psíquicas.
O psicanalista sabe que somente se escuta um paciente na ausência de julgamentos e de certezas absolutas a respeito do que ele fala. E o paciente, ao sentir-se verdadeiramente escutado, consegue, finalmente, dar expressão aos seus pensamentos e sentimentos.
O que escuta, então, o psicanalista? O analista escuta o desejo inconsciente — aquilo que, muitas vezes, difere do que, conscientemente, queremos. O analista percebe e pontua essa divergência, o que é suficiente para abrir ao sujeito uma chance de constituir um novo posicionamento em relação a sua vida.
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