De acordo com a Psicanálise, os chistes são piadas, brincadeiras de duplo sentido, trocadilhos. Do ponto de vista da relação com o inconsciente, é como se fossem um “desabafo”, pois as piadas permitem-nos falar algo que, sem elas, não poderíamos ou não conseguiríamos falar.
Após “A interpretação dos sonhos” (1900) e a “Psicopatologia da vida cotidiana” (1901), “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905) foi a terceira grande obra de Freud dedicada à elaboração de uma nova teoria do inconsciente.
O texto se divide em três partes, uma analítica, a seguinte sintética, e a última, teórica. Freud estuda primeiramente a técnica do chiste para, em seguida, mostrar o mecanismo de prazer que este emprega. Por fim, descreve o aspecto social do chiste e sua relação com o sonho e com o inconsciente.
Sobre os chistes, Freud distingue os inofensivos dos tendenciosos, sendo estes marcados pela agressividade, obscenidade ou cinismo. Quando atingem seu objetivo, os chistes, que requerem a presença de pelo menos três pessoas (o autor da piada, seu destinatário e o espectador), ajudam a suportar os desejos recalcados, fornecendo-lhes um modo de expressão socialmente aceitável (ROUDINESCO & PLON, 1998).
O chiste é um processo social: para que se configure, é necessário que haja o Outro, ou seja, um laço social. O chiste é breve e é nele que reside, por assim dizer, a graça. No processo do chiste deve acontecer um “desconcerto”, ou seja, a quebra de uma expectativa inicial. Quando contamos uma piada, é como se conseguíssemos “cruzar” a barreira da repressão consciente-inconsciente, em uma espécie de “laço de intimidade” com o outro. Como se pensássemos assim: “nós dois juntos iremos transgredir” e, com isso, deixar aparecer uma verdade que está reprimida, produzindo, então, o prazer e a satisfação. Além disso, a piada também pode ajudar a descarregar uma agressividade que estava reprimida (DUNKER, 2019).
São muito relevantes as explicações, tem sido proveitoso os valores agregados. Espero crescer no aprendizado psicanalítico. Abço