Um percurso psicanalítico pela Mística, de Freud a Lacan

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Este trabalho foi originalmente minha Dissertação de Mestrado orientada pelo Prof. Dr. Fernando Aguiar no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC e defendida em 2007. Mais tarde, decidi ampliar e revisar o texto, transformando-o em livro publicado pela Editora da UFSC em 2011. O livro ganhou também um prefácio do Prof. Dr. Marco Antonio Coutinho Jorge (UERJ), que integrou a banca de defesa deste trabalho.

INTRODUÇÃO: A experiência mística não é sinônimo de religião. Bem ao contrário, enquanto a mística diz respeito a um contato direto (união mística) entre o sujeito e o princípio divino (a Divindade, a Natureza, o Nada, etc…), a religião costuma relacionar-se ao caráter dogmático e institucional organizado em torno da fé em uma divindade. Assim, o místico é, de certa forma, subversivo em relação à religião, pois prescinde dos dogmas e da intermediação de sacerdotes para relacionar-se com o divino.

Com base nessa diferença fundamental, o objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da experiência mística a partir da obra de Freud e de Lacan. O fenômeno carece ainda hoje de estudos por parte da psicanálise, inclusive da orientação freudo-lacaniana, sendo essa lacuna a maior motivação do autor, interessado no tema há longa data, para a criação desta obra. Sabemos que Freud dedicou muitos estudos ao tema da religião – que ele associou invariavelmente à ilusão -, mas pouco se interessou pelo fenômeno místico. Se o fez, foi em virtude da provocação insistente de um grande amigo, o escritor francês Romain Rolland. Lacan, por sua vez, demonstrou grande interesse pela mística ao longo de sua obra, e inclusive utilizou-se da experiência mística para pensar o chamado “gozo feminino” em seu décimo seminário, Mais, ainda.

Neste trabalho, convido o leitor a refletir acerca de uma série de questionamentos que a Mística impõe à psicanálise: qual a natureza do “sentimento oceânico”, tal como descrito à Freud por Romain Rolland? Como se explica o “amor universal” tão comumente encontrado nos místicos? Como se concebe o gozo (conceito lacaniano) dos místicos e de que forma ele se relaciona com o gozar especifico às mulheres segundo as fórmulas da sexuação lacanianas? Que relações se depreendem da consideração sobre a sublimação e a pulsão de morte na temática do misticismo? E acima de tudo, será a Mística um fenômeno que se enquadra no âmbito da pura produção de sentido, tal como a religião, ou a sua alardeada inefabilidade aponta para o limite do saber – o não-sentido?

Desse modo, este livro explicita as principais considerações psicanalíticas sobre a Mística depreendidas da obra de Sigmund Freud, Jacques Lacan e comentadores, tomando como diretrizes as incursões dos dois primeiros na temática. Para tanto, percorre três eixos temáticos: a discussão entre Freud e o escritor francês Romain Rolland a respeito do “sentimento oceânico”; o conceito de gozo feminino, claramente relacionado por Lacan ao gozo dos místicos; e a relação entre o misticismo e o não-sentido, ou seja, o despertar do âmbito da produção de sentido.

Paralelamente, são tecidas algumas relações entre a mística e as estruturas clínicas, por um lado, e com o conceito de sublimação, por outro. O livro ainda explora questões pouco abordadas no meio psicanalítico, tal como o interesse ambíguo de Freud pelo misticismo oriental e a inspiração de Lacan no taoísmo chinês para a formulação da tópica do Real.

Destinado aos interessados nas contribuições da psicanálise a respeito da experiência mística e religiosa.

SUMÁRIO

Capítulo 1 – A Mística na Psicologia e na cultura
Capítulo 2 – Freud e a Mística: primeiras aproximações
Capítulo 3 – Freud, Rolland e o sentimento oceânico
Capítulo 4 – Mística, amor e sublimação
Capítulo 5 – Mística e estruturas clínicas
Capítulo 6 – Mística e gozo
Capítulo 7 – A Mística entre o sentido e o não-sentido

ESTE LIVRO ESTÁ ESGOTADO EM VERSÃO IMPRESSA.

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